quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jamais impedirei que me ames, CAP 11


Capítulo 11

O dia deveria ser constituído apenas pala manhã, pelo menos aquele dia deveria ser assim. Aquela manhã com Edgar foi perfeita.

Quando eu era garoto, sempre que a felicidade me batia a porta eu pensava que a tristeza me visitaria mais tarde, e desta vez não foi muito diferente, pelo menos foi o que pensei. No final da tarde resolvi ir a praia, fui pra passear, ver o pôr do sol, alem é claro de ver gente bonita, mais precisamente homens bonitos, para todos os gostos, negros, morenos, loiros. Este é o momento mais lindo do dia, o crepúsculo. O que eu não poderia prever era a presença de Mateus em um dos bares da orla. Encarei com tranquilidade, tentando impor ao meu coração que se comportasse. Quando ele me avistou pulou da cadeira e aparentemente ébrio, titubeando foi até mim e me abraçou fortemente. O cheiro da cachaça, mais precisamente caipirinha, me embriagou. Sentamos e conversamos sobre o que estava acontecendo:

- como pode Mateus, você ficar bêbado sem motivo?

- como sem motivo, Fred, eu amo você e você não me quer! Isto é um bom motivo para mim. Não acha?

- não. Afinal, se você me quisesse mesmo, você teria me dito sim, quando pôde.

- é verdade, mas só Te dei valor quando te perdi.

Fiquei calado por algum tempo, nossos olhos, fixos, revelavam nossos corações. Mas o que estava acontecendo? Pela manhã estava morto de paixão pelo Edgar e agora estava desfalecido diante do olhar de Mateus.

- você não vai dizer nada?

Mateus mal terminou de falar e já foi levando seus lábios nos meus. Todo o que eu acreditava ser belo foi reforçado naquele momento, coração vagabundo, era o que eu pensava. As mãos de Mateus percorriam meu corpo com uma voracidade que me arrepiava todos os pêlos, seu beijo me sugava de forma que eu poderia ver tudo o que há de salivante em mim motivando a força e a intensidade de cada carícia.

Sempre critiquei o comportamento dos Gays do gueto, quando transam em Darkroom ou em banheiros, ou até mesmo em ruas. Mas meu pensamento mais puro era ir pra qualquer lugar e extrair de Mateus todos os seus sabores de todas as formas.

Fomos parar no banheiro do bar, afinal de contas não dava pra continuar na mesa, próximos dos outros clientes do bar. Eu não poderia acreditar que finalmente transaria com Mateus, ele era conhecido como, garoto do taco de baseboll. Tudo porque num evento da igreja, no banheiro masculino, os garotos fizeram um campeonato pra ver quem tinha o maior Pinto e adivinha quem ganhou? Isto mesmo, o garoto do taco de baseboll. Mas voltando ao banheiro do bar. Finalmente o taco de baseboll estava em minhas mãos. Tínhamos que ser rápidos, nossos corpos em chamas, suados, nossos beijos cada vez mais intensos, minha sorte é que ele tinha uma camisinha em seu bolso, eu não sabia por onde começar, mas não tínhamos tempo pra detalhes, deixei tudo por conta dele que com muita sabedoria soube usar muito bem os 10 minutos que durou nosso grande momento de prazer, daí foi só alegria, ou melhor, dez minutos de alegria. Voltamos, estávamos mais calmos, conversamos muito e nos entendemos.

A tarde se foi, passou da forma mais deliciosa possível. À noite recebi uma ligação, era Edgar, todo feliz, dizendo que me amava e que não parava de pensar em mim. Naquele momento todo o que há de moral, de integridade dentro de mim se escondeu num cantinho bem escuro do meu coração. Eu apenas disse que sentia o mesmo por ele e desliguei.

Um pouco antes de dormi, pensei bem no que acontecera e descobri que não me arrependera do que havia feito, não havia em mim remorso algum, nem pensava ter traído Edgar, o que aconteceu naquela tarde foi apenas um momento de saciar uma sede antiga, de tirar minhas dúvidas quanto ao gosto, ao sexo de Mateus. Tal duvida sempre me consumiu, eu sabia que se aquilo não acontecesse eu morreria bem velhinho ainda querendo saber o gosto do taco de Baseboll.

Em mim, existia a plena consciência que, moralmente, nada daquilo era aceitável. Transar no banheiro de um bar, com alguém que não era meu namorado, mas naquele momento preferi pensar na salivante tarde com Mateus e deixar estas coisas de moral pra depois.

Agora penso que Deus foi perfeito na constituição do dia, manhã, tarde e noite.

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