quarta-feira, 28 de março de 2012

Fim.


O sol alaranjado de final de tarde coloria a fumaça do cigarro que eu acabara de fumar, pensando em tudo, com o celular ainda na mão e ainda espantado com a última notícia a respeito de Brígida. Minha melhor amiga estava de malas prontas pra sair do País, se tratar e recomeçar a vida, ela não estava preparada pra enfrentar a barra aqui entre nós, a família a mandou, incentivou. Afligia-me não ter tempo de me despedir, ela me ligou do aeroporto Cunha Machado.

Apesar de sempre tecer duras criticas a forma de vida de muitos Gays no que diz respeito a romances. Estava eu vivendo o mesmo, ou melhor, disposto a viver. Amar sem prender-me ao outro e nunca promover a ilusão alheia. Ter um romance perfeito, ser dona de casa, foi uma brincadeira muito boa enquanto durou. Mas a vida não é uma brincadeira e temos que encarar as coisas com seriedade e respeito.

Edgar foi uma linda história pra mim, foi o fim da história pra o meu amigo Clóvis, e será a continuação pra muitas outras histórias. Seria esperar muito que ele fosse o príncipe perfeito, de capa e espada, montado em um cavalo Branco, ele foi um homem covarde de início, corajoso no meio e muito louvável no fim. Mas, meu coração não o perdoava ao ponto de anular o que ele fomentou no coração de Clóvis. Em memória do meu amigo não me permiti viver tal romance.

Na vida, certos acontecimentos bons ou ruins são temperos de uma receita que não tem volta e que só pode terminar bem. Isso mesmo, a vida só pode terminar bem. Mateus foi a pimenta que fez a minha vida mais salivante. Eu, definitivamente, não poderia acreditar em tal Amor, ele me amaria esta noite e amanhã poderia estar amando outra pessoa de forma tão intensa quanto a mim. Isso não era mais novidade e também não era mais novidade que sempre que nos encontrássemos estaríamos nos amando feito duas crianças no doce proibido.

Voltei a me encontrar com Edgar, Nos Tornamos meros conhecidos. Já Mateus me olhava de forma doce, gostava de me ouvir falar, compartilhava músicas e saliva e outras coisinhas mais. A diferença era que os sentimentos ficaram retidos em mim, para mim e por mim.

Fausto também se tornou frequente em meus diários e diversos personagens adentravam minha porta de tempos em tempos. As minhas convicções religiosas de que os escritos Bíblicos que dizem respeito à homossexualidade estavam interpretados de forma errada continuavam fortes em minha mente e coração.

Fim.