Capitulo 14
Diante de tantas situações, tudo o que estava acontecendo com Brígida, resolvi perguntar sobre Clóvis e de uma vez por todas resolver qualquer pendência entre eu e Edgar. Precisava estar livre de minhas inquietações pra poder me dedicar a ajudar minha amiga. Acendi um cigarro e fiquei treinando como falaria. Adoro me ver fumando, adoro o balé da fumaça, é mágico. Existem algumas coisas loucas em mim, tais peculiaridades é o que me faz sentir particular, único, não abro mão de nenhuma doidice. Passei a tarde fumando e vendo-me no espelho, a espera de Edgar.
A casa estava toda em ordem, já havia arrumado tudo, nosso jantar já estava arquitetado em minha mente, sempre era assim. Já me sentia uma dona de casa, eu amava ser uma boa dona de casa. Sonhava com o nosso casamento dia a dia, queria que tudo fosse perfeito. Sempre fui assim, sou do tipo que se alguém me promete algo e não cumpre eu fico super triste, porque sempre fico ansioso frente a promessas ou frente a acontecimentos futuros previamente determinados.
De ímpeto me veio à mente a imagem de Mateus dançando na igreja e me flechando os zelos com seus olhares. De fato a muito tempo não me sinto tão excitado ou “bulido” daquela forma. Lembrar de Mateus era sempre muito salivante e isto me tirava a paz. Somente os Braços castos de Edgar me faziam esquecer Mateus. Talvez esquecer é exagero, mas pelo menos me distraia.
Todo este misto de sensações traziam a tona sentimentos que eu escondia no recôndito do meu coração. Ditados super populares rodeavam minha mente, era involuntário, movimentos mentais que não pertencia a mim o controle. Naquele momento em especial resolvi largar os remos da nau e me deixar navegar no caminho das águas que me levavam as lembranças de um tempo bom, quando pensava ser Mateus um príncipe mandado por Deus. É como se um crente muito fervoroso se liberasse pra pensar em sexo e em meio a masturbação se deixasse chegar ao orgasmo, por mais que soubesse que o remorso o tomaria, mas o prazer daquele momento era irrecusável.
O cigarro acabou e fui acender outro e tomar um café, neste momento Edgar entra em casa e me cumprimenta com um beijo. Eu o beijei com força, ele estranhou.
Ed – O que esta acontecendo, você esta com mais fogo que em outros dias.
Fred – é verdade, existe algo queimando dentro de mim, só que não de agora, faz tempo que sou incendiado por um fogo incessante que tem me consumido.
Ed – Mas o que pode estar te tirando a paz desta forma, definitivamente é uma nova para mim.
Fred – O que realmente aconteceu entre você e Clóvis?
Ed – Este é um assunto do passado, eu prefiro não lembrar, se nunca comentei com vc é porque prefiro não lembrar, mas porque você se inquieta tanto com isto?
Fred – Antes de Clóves se suicidar ele me contou que vc o espancou e o ameaçou, é verdade?
Ed – Sim.
Fred – Sim? Assassino.
Ed – Você está se precipitando, não o matei, ele se matou e eu prometi a mim mesmo que nunca mais trataria ninguém daquela forma, por isto sou diferente com você.
Fred – Nada do que você fale a respeito disto tirará de mim o ódio que acaba de renascer em mim.
Ed – Vamos deixar isto no passado, somos felizes, estamos construindo um futuro e não podemos deixar que o passado acabe com tudo.
Fred- Você acabou com tudo, o passado veio para confirmar que eu não posso continuar com você. Sempre amei estar aqui e te esperar, mas eu esperava outro homem, não um homem que espancou meu melhor amigo e foi a causa da sua morte, e sim um homem doce e elegante, que beirava a perfeição e agora só me resta voltar a realidade, pois o País das Maravilhas não é mais a realidade da Alice aqui.
Edgar ficou silencioso, eu vi as lagrimas em seu rosto e não me compadeci, naquele momento só me restava a dor de saber que estava do lado de um homem idealizado tanto por mim quanto por ele. Edgar me tratava bem, não por me amar, mas sim como uma sentença: Faça um gay feliz pra compensar o que você matou.
Até logo...
Há 9 anos